terça-feira, julho 05, 2005

Chego a casa depois do trabalho e sento-me na cama. Vivi tudo isto como se nunca existisse e no entanto ao escrevê-lo agora é como se o recordasse. Na lenta reconstrução do teu rosto as palavras incendeiam-se e durante a noite o que nelas se oculta renasce por entre os meus ossos, tendões e músculos. Depois de sentado no centro do quarto sempre de luz apagada, movo-me através do centro de desordem em que a minha casa se tornou. Acendo o esquentador e vejo, sinto e observo. Através de uma pequena plataforma de luz espalha-se a imobilidade total que preenche de intensidade a vida submarina da minha fronte fechada aos sonhos. Assim, eu desapareço vivo pela divisão agora corpórea e tranquila. E chegado aqui, depois do mar, depois de só na tua boca respirar, continuo a pensar que nada disto é real.