sexta-feira, julho 22, 2005


Verão são os dias em que o meu coração nos inventa recordando-te. Longe do crescimento das plantas já não transformo a seiva no azul da luz, e por entre a folhagem tão bela do entardecer, brilham ténues as almas vibrácteis dentro de duas minúsculas garrafas. À ondulação da relva, o pó substitui todos os teus passos e ao longo da água o teu nome não perece na minha voz. És quase alguém, diria; e enquanto a terra dorme na teia de fogos e fumos que lhe traça o corpo, eu, tal como o verão, respiro aos clarões e brilhos dentro de uma garrafa em minha casa, numa casa de janelas abertas ao acaso do pó, das mãos e da memória dos antigos dias.