sábado, setembro 10, 2005


De noite, quando eu morrer, estarei aqui feito de farrapos e búzios. Fora das arestas frias nas esquinas, sobre a noite curvada nas estrelas, no teu cabelo ou nos teus ombros, folha a folha, eu serei os dedos que te adormecem viva, por dentro fechada como beijo sem ninguém. Quando se resumirem rápidas as noites junto à morte, tu deitarás uma cor sobre o mundo num gesto que durará um dia. Quantos verões aí se perderão junto às janelas durante a noite? E no entanto, aqui, meu amor, aqui tudo é o teu rosto, aqui tu és uma pedra branca e nua que escorre às golfadas negras e cheias de flores para dentro da minha boca.