sábado, fevereiro 04, 2006


Depois disto - prosseguiu Yor - suponhamos uns homens num sótão em forma de caverna, com uma entrada aberta para a luz. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões; serve-lhs de iluminação um fogo que se queima dentro de cada um deles; e entre eles e essa ténue luz que se dispara de quando em vez estão as imagens, aquilo que eles julgam ser o imo de cada um e da própria realidade.
- Estou ver - disse Bastian.
- Visiona também aquilo que julgam ser pessoas e por vezes julgam-se nas ruas e sofrem com as noites e com o frio. Ora toda a dor ou alegria que sentem, acaso julgas que são reais?
Bastian hesitou um pouco no silêncio. - Estranho quadro e estranhos prisioneiros são esses de que tu falas - observou comovida a criança que aos poucos se esquecia de si mesma.