terça-feira, fevereiro 21, 2006


eu não me esqueci, avô. eu não me esqueço de ti nunca. e do teu sotão cheio de pássaros em asas resumidos num vento fechado que trazia todas as vozes logo pela manhã. sobre o telhado da casa, descolado do céu. descolado desta mesma noite. de hoje. de hoje, através do tempo. através destes dias de frio. do branco frio que não descansa nas ruas. eu não me esqueci. eu não me esqueci que este frio és tu. que respiras no escuro. no escuro dos teus pássaros que me transformam no tempo por dentro de um amor que fazias nas mãos. naquela lenha. naquele lume. naquela dor transformada em idade pelo tempo. pelo tempo das imagens.