quinta-feira, abril 27, 2006


Depois o que fica? saio para a luz e há este papagaio que se divide caindo nos dedos de uma imagem. cai devagar. sabes, quando eu acendo as pálpebras e por dentro cai o som do céu na boca, entorno-me de uma ternura que respira depois. o que fica? separando, dividem-se os gestos junto da água tão morna como a de uma banheira que se silencia junto à água e perto do corpo. dividem-se os gestos, separam-se os amigos na minúcia dos sonhos, e o que fica depois? as luzes. na noite, as pálpebras. um sorriso. e devagar tudo se torna de repente tão inclinado pelos dias adentro nos passos de rochedo. depois. depois o que fica? não tem tempo. está aqui. aqui nesta luz que boceja respirando por entre as vozes. está aqui. entre o céu e o chão, nas tuas mãos. o papagaio no céu, lembras-te?