sexta-feira, maio 12, 2006


Como um galho de marfim, ou assim sobre a luz, eu poderia ser um lírio por dentro da imaginação de que minha mãe é construída. como uma martelada músculada de uma luz fremente. talvez o amor seja este lírio de uma morte quase branca, quase tão perpetuamente pura como uma mão coroada que se ergue para o espaço, para a pele do mundo nas braçadas de luz que se desatam pelos dias fora. eu passo agora as ruas e o vento em seda brinca comigo como num sonho. e por dentro. por dentro é este linho que ora se desgasta pelo cansaço, ora se desfaz para um amor cheio de constelações maravilhosas como os teus lábios. ou os teus ombros. Concâva e assombrosa é esta paixão que se desenha pela luta furiosa contra o soprar do mundo, meu amor. e então. então eu sou este galho de marfim. nas trevas dos passeios desta cidade grávida de silêncio. e se me arranco de dentro, abre-se no extremo labor do cansaço, uma luz de camisa branca com centelhas de sorrisos que me saem do corpo fulgurantes. e sem porquê. floresce a grande ideia de minha mãe deitada ao mar. vejo como dorme entrançada nos braços dos corais. e eu, eu beijo a minha mãe quando pela manhã o sol da cama me acorda e de mansinho num lírio a minha vida se enclavinha dormente. por tudo. ser tão belo.