segunda-feira, maio 08, 2006


Naquele tempo as mães iluminavam a terra de uma noite fabulosa num prodígio máximo de flores hipnotizadas pela grande destruição de deus. diria. as flores. como se levantasse a cabeça depois de adormecidas no instante de morrer para dar um passo adiante: a minha mãe é este lugar louco que canta as costas demoradas das minhas mãos num mês de Maio que se abre nas colinas e montes que sangram flores fora pela solidão deste tempo. deste tempo que se abre lavrando-me o rosto. o meu rosto aberto. o meu rosto aberto pela candura inteira de não ser mais ninguém senão a minha cama desfeita pelos sonhos duros e submarinos da grande memória dos gestos do mundo. naquele tempo. naquele tempo fetal. naquele tempo, a minha mãe era a terra que se iluminava irrespirável como uma grande estrela. como a mais pura beleza. que se extingue sem dizer trabalhando pela noite dentro iluminada contra as minhas ondas.