quinta-feira, junho 29, 2006


Lá longe enquanto as gaivotas se misturam no sobrenatural odor do mar, aqui bem perto os pescadores alinham para terra os cabelos do mar junto à luz. Habitado por cavalos de um som magnífico diante da água, o mar torna-se aqueles próprios pescadores negros na força e fulgor das suas mãos. Era aqui, penso. Se tivessemos conseguido habitar uma morada que fosse do silêncio, se depois do esquecimento nos tivessemos encontrado, gaivotas teriam atravessado o nosso corpo e crepúsculo. Também aqui não estivemos. Talvez nem mesmo eu aqui tenha estado; pesam as madeiras do caminho sobre a areia, arriscam-se as gaivotas sobre o mar azul por um peixe, e o céu derrama-se levemente pelo horizonte acendido subitamente. Ninguém aqui esteve e eu sou este animal que chora dentro da ira.