domingo, julho 02, 2006



e no coração as bandeiras desfraldadas ao vento. e a malta que grita. é golo, é golo é golo. o mesmo mar. os mesmos pescadores. e os braços que se me arrepiam. a rádio que grita. a tsf. sempre a tsf rádio jornal. aquela voz num sangue desbragado perdido ao vento. o jogo. o abraço do meu pai. o furor. o calor. e tudo isto aqui, também, diante do mar. as bandeiras desfraldadas ao vento. e a malta que grita. a festa em furor. é golo é golo é golo, é golo, é golo de Portugal. é golo de Portugal. o teu piano por dentro. um piano lento. e eu vejo tudo isto em câmara lenta. um piano que sobe. naquela voz em anéis de fogo. naquelas gargalhadas desmedidas. e por dentro daquele ser, a multidão enfunada na tua voz inesquecível. que bonito é. e de novo as bandeiras desfraldadas ao vento. e a malta que grita a festa. é disto que o meu povo gosta, dizias com todas as tuas veias. e de novo aquele aperto no peito. e o meu pai a ferver no sofá. e os punhos fechados. aguenta coração. aguenta coração. tal é o furor de ser o jogo, este furor de amar, de ser esta paixão dura e árdua no excesso de ser português. e poder chorar, e poder ser muitos. e poder ser toda a gente em toda a parte. e poder ser nada. e poder sentir tudo em toda a parte.