terça-feira, agosto 22, 2006



se durmo. ou não durmo. pouco importa. levanto-me de manhã neste filme quase mudo e nem me olho ao espelho. há dias que ninguém merece ter uma imagem. é manhã. penso. e os meus olhos estão parados. parados como grandes rios negros num rosto verdadeiro. o que vejo talvez não exista. tudo isto poderia ser minha invenção. uma invenção sem fronteiras. sem interior ou exterior. qualquer coisa. que pouco importa. se durmo. se não durmo. se me levanto. ou deito. entro nas veias, caindo. segurando o silêncio dos pássaros nos telhados. aquela ilusão minúciosa das veias, dos lábios. dos meus lábios. do meu rosto acendido. junto a um espelho. onde de repente. só. não existe ninguém.